Com muita simpatia, a Real Mocidade tirou de letra o peso de iniciar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval de Santos e os imprevistos no caminho. O tempo ajudou e, sem chuva, por volta das 23h10, as arquibancadas da passarela Dráusio da Cruz na Zona Noroeste, já eram ocupadas pelos foliões.
Antes da Real cair no samba, a Associação Cultural Afoxé Filhos de Ijes.á saudou o segundo dia de desfiles das escolas de samba na Zona Noroeste. Os integrantes atravessaram com turbantes, guias de proteção e vestimentas coloridas representando os orixás.
Para evitar mais atrasos, a Corte Carnavalesca passou voando pela passarela ao som das antigas marchinhas tocadas pela banda da cidade. Com o enredo ‘Costurando a emoção sou Real’, a agremiação ganhou a Avenida às 22h50 com 50 minutos de atraso, levantando o público. Os 1.100 componentes em 12 alas trouxeram a arte da costura para a passarela.

Apesar dos percalços durante o desfile, a Real Mocidade fez bonito na Passarela
Aos 20 minutos de apresentação, uma falha na aparelhagem fez com que os microfones ficassem mudos por alguns segundos. A escola retomou o samba sem se deixar abater.
Todo o universo de tesouras, linhas e tecidos foi bem representado no segundo carro alegórico, que impressionou o público com uma gigantesca máquina de costura. A peça simulava os movimentos de um equipamento real. O leão, símbolo da escola, veio com uma coroa que também se movimentava.
No terceiro carro, a passarela do samba virou uma passarela da moda, com o desfile de modelos. A vice-campeã do grupo de acesso do Carnaval 2011 pretende se manter no grupo especial e continuar desfilando entre as principais agremiações santistas. Este ano, o presidente resolveu ousar nas fantasias e alegorias. A maioria foi confeccionada com materiais recicláveis e tecidos diferenciados, sem o uso das famosas plumas, sempre utilizadas para compor o visual.
O presidente da Real Mocidade, Manoel Aparecido Ferreira, admite que abrir mão das plumas foi um risco, mas que também é uma oportunidade para destacar o enredo e a bateria. “Sempre há o nervosismo, mas agora não dá para ter medo, Toda a família real vai entrar com garra e simpatia, as marcas registradas da escola”, disse antes de entrar na avenida.
Mocidade Amazonense
Uma viagem ao mundo infantil com direito a uma cascata com 50 litros de chocolate de verdade. O carro abre-alas, com a alegoria a Fantástica Fábrica de Chocolate deixou o público com água na boca.
A Amazonense foi a quarta colocada no ano passado e quer ficar entre as três primeiras neste ano. Para isso, os 1.700 componentes não abriram mão da marca registrada da agremiação. A apresentação foi marcada por carros grandes, peças que se movimentavam e efeitos especiais. Ao todo foram 19 alas.
A proposta do enredo ‘Venha com a Mocidade Amazonense Voltar a Ser Criança no Mundo da Imaginação’ foi cumprida e todos entraram no clima. A agremiação foi aplaudida, Não faltaram castelos, brinquedos, dragoes e super-heróis. Um enorme super-homem e uma bruxa numa vassoura impressionaram.

Amazonense , ´Venha com a Mocidade Voltar a Ser Criança no Mundo da Imaginação ´
Sangue Jovem
Com o samba enredo ‘Santos FC…100 anos de glórias, conquistas e emoções…Meu coração é Sangue Jovem e pulsa por você’, a Sangue Jovem trouxe a ousadia de Neymar, craque do alvinegro, nos campos para a passarela, com paradinhas que empolgaram o público.
Além dos 120 ritmistas da bateria comandada pelo mestre Dô, a escola teve cerca de 2 mil integrantes, em 19 alas. O último título da Sangua Jovem foi conquistado em 2006.
Segundo Solange Corrêa, presidente da escola, este foi o sétimo e mais importante desfile da agremiação, que entrou na Passarela do Samba à 0h14.
Unidos dos Morros
No ano passado foi por pouco, apenas 25 centésimos separaram a Unidos do Morros da primeira colocada X-9. Para garantir o primeiro lugar este ano, a agremiação apostou nos carros alegóricos, fantasias e trouxe um casal de peso como mestre-sala e porta-bandeira. A vida do ex-vereador Paulo Gomes Barbosa foi cantada pela agremiação.
O desfile corria muito bem. Todos os integrantes cantavam e demonstravam animação e o público correspondia. No entanto, no final do percurso, a roda do carro alegórico chamado de “Era uma vez no morro” quebrou e a alegoria foi em direção da arquibancada.
O problema impediu a saída de parte dos integrantes. A alegoria ficou presa na saída da avenida e foi necessário o esforço conjunto para que parte do carro fosse arrancada e a agremiação pudesse encerrar o desfile. Muitos choraram com medo de que a escola de samba fosse muito prejudicada.
Os destaques que estavam no carro precisaram ser removidos devido ao risco de parte desabar. Como consequência disso, a Unidos dos Morros foi a única escola que atrasou, passando dois minutos do tempo exigido pelos jurados de 60 minutos.

A Unidos dos Morros, homenageou o ex-prefeito de Santos, Paulo Gomes Barbosa
O vice-presidente da Unidos dos Morros, Fábio Fernandes, já havia adiantado que o quesito mestre-sala e porta-bandeira iria surpreender a todos. E foi o que aconteceu. Os irmãos Renatinho e Fabíola deram um show a parte na passarela. Eles passaram pela Vai-Vai, Império Casa Verde e X-9 Paulistana, desfilam juntos há 20 anos e já ganharam três estandartes de ouro.
No enredo, a história de um menino pobre que saiu do morro do Pacheco, em Santos, e venceu os obstáculos. A vida do ex-vereador Paulo Gomes Barbosa foi cantada pela agremiação. Em cada carro e alegoria era desvendada um pouco da trajetória do garoto que engraxava sapatos e trabalhava na feira, virou empresário do café, até chegar a ser prefeito nomeado e, depois, vereador eleito pelo povo.
Na comissão de frente a escola não ousou e manteve o balé municipal, que se apresenta desde 2006 pela escola. Dois carros em especial foram os que mais chamaram a atenção. Um deles representou o morro onde o homenageado viveu e a Unidos do Morros nasceu. Era possível ver os becos, os barracos e as ladeiras.
O outro mostrava o Paço Municipal. Com uma técnica à base de areia, a escultura refletia com a iluminação da passarela e dava um efeito de encher os olhos.
Mocidade Dependente do Samba
Se no ano passado o objetivo da Mocidade Dependente do Samba era permanecer no grupo especial, este ano a agremiação quer mais. “A gente busca o primeiro lugar e temos condição. Se não der, uma coisa é certa, entre as quatro primeiras estaremos”, disse Denise, a vice-presidente, porta bandeira e responsável pelas fantasias da escola.
O desfile foi marcado pela interatividade com o público e as surpresas. Logo no começo, o abre alas representava o céu. Todo em azul e branco, trouxe Iemanjá, protetora do homenageado Toninho Santas, falecido em 2010. Além disso, a pantera com a estrela simbolizava a escola. Um homem vestia uma máscara que reproduzia o rosto do homenageado e os cabelos brancos. Ficou muito semelhante.
O dramaturgo e diretor teatral foi representado pelo Rei Baco, o rei do vinho, da orgia e do teatro. Os bailarinos bebiam vinho e as ninfas serviam uvas à platéia.
Desfilaram para homenagear o agitador cultural 1.500 integrantes que contaram com 15 alas e cinco carros alegóricos. O desfile encerrou a primeria noide do Grupo Especial do Carnaval santista.
Nesta segunda-feira, mais cinco escolas disputam o título de campeã do Carnaval santista. São elas: Brasil, Império da Vila, União Imperial, x-9 e Bandeirantes do Saboó.

O dramaturgo e diretor teatral Toninho Santas foi o enredo da Mocidade Dependente
A Tribuna
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