Uma agulha, pedaços de pano e um pouco de habilidade. Elementos que, somados a sentimentos bons, fabricam esperança, sonhos e mensagens positivas para os moradores de Santos. Essa fórmula é a aposta da ‘Ação do Coração’, realizada por um ator de Santos que pretende realizar o sonho do falecido irmão forrando, no começo de agosto, uma praça da cidade com mais de dez mil pequenos corações confeccionados por voluntários de todas as idades.
O projeto, idealizado por Alexandre Camilo, era um desejo que Eduardo Furkini, seu irmão, sonhava concretizar. Na última vez que a dupla visitou a Áustria, eles tiverem o primeiro contato com a campanha. “Quando nós fomos sair pelo lado de uma igreja, nos deparamos com uma praça lotada de pequenos corações. Era lindo”, conta ele.
Intrigados, os irmãos descobriram que uma Organização Não-Governamental estava fazendo a campanha para falar sobre a saúde do coração. “Pessoas de toda a Áustria tinham confeccionado corações de tecido. Centenas de pessoas passavam pela praça e podiam pegar um coração para chamar a atenção sobre a saúde do coração. Ironicamente, meu irmão morreu algum tempo depois com uma doença no coração”, explica.

Na volta para o Brasil, o falecido irmão disse que a ação dos corações tinha que ser repetida em Santos. Em vez de falar sobre saúde, Eduardo queria motivar as pessoas a doarem amor. Os corações seriam feitos de tecido, como os de Viena, mas os corações do Brasil deveriam estar carregados com alguma boa intenção para a pessoa que fosse pegá-lo.
Após lembrar dessa passagem e rever as fotos da viagem, Camilo resolveu realizar o desejo do irmão. “A ideia é as pessoas fazerem um coração de tecido de qualquer tamanho e, ao fazerem o coração, elas colocam o que elas tem de melhor, uma intenção, como o amor. É a arte de desejar o melhor para uma pessoa que você nem conhece”, diz.
Com o passar do tempo, Camilo foi explicando a ideia para as pessoas e conseguindo mais adeptos que ajudaram a viabilizar a ação. Empresas deram caixas, imprimiram panfletos e deram um veículo para transportar os corações. Além disso, a Prefeitura de Santos cedeu um espaço para que o projeto acontecesse.
Com tudo em mãos, Camilo começou a tocar a ideia. A produção dos corações passa por vários setores e lugares de Santos. Um ateliê, dentro de um shopping, foi criado para que qualquer pessoa possa confeccionar o coração. Os materiais são encontrados, gratuitamente, no próprio local, onde também há voluntários para ajudar na confecção. Instituições, escolas, turmas de amigos e funcionários de empresas se empenharam e estão costurando, colando e contribuindo para a causa.
A gerente de Recursos Humanos Maria da Glória Tinoco se juntou ao grupo logo após descobrir a iniciativa. “Fiz um curso de contação de histórias na Pinacoteca e depois conheci a ação do coração. Agora, levo isso para dentro da sala de aula da universidade, para trabalhar várias questões de coletividade e liderança”, conta.
Já Geraldo Teodoro, que toma da parte de logística do projeto, está tendo a primeira experiência da vida com costura. Ele brinca com as dificuldades, mas sabe que tem que superá-las por uma boa causa. “Em 49 anos, eu nunca mexi em uma agulha”, confessa.
Todos os corações doados estarão reunidos no dia 2 de agosto, na Praça Mauá, e serão oferecidos gratuitamente para a população santista. O organizador estima que 10 mil corações sejam fabricados até o mês que vem. Na parte da manhã do dia 2 de agosto haverá uma apresentação da Orquestra do Instituto Pão de Açucar e a distribuição de mil balões em forma de corações. Além disso, no final da tarde, alguns corações de tecido serão entregues a pessoas internadas em três hospitais de Santos.

A Tribuna
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