Há muitas formas de amar. Nenhuma delas, contudo, soa tão desmesurada e incondicional como aquela que une mãe e filho. É um pouco sobre esse afeto obsessivo que se debruça “Conversando com Mamãe”. Com Beatriz Segall e Herson Capri no elenco, o espetáculo que estreia hoje parte do mesmo argumento que motivou o filme homônimo argentino.
Assim como no longa de Santiago Carlos Oves, é a relação conturbada entre os personagens que movimenta a trama – adaptada para o teatro pelo espanhol Jordí Galcerán. Dirigida por Susana Garcia, a peça, parte da crise financeira de Jaime. Eis o motivo para que ele resolva visitar sua mãe, um costume há muito tempo perdido, e anunciar a decisão de vender o apartamento no qual ela vive.
A personagem de Beatriz Segall recusa-se enfaticamente a sair. E, gradualmente, vai expondo ao filho uma personalidade desconhecida. “No filme, tudo é explícito. Aqui, não”, argumenta a atriz de 85 anos, que interpreta o papel da matriarca de 82. “Você vai tomando conhecimento da vida deles aos poucos. E, apesar de a peça ter apenas dois atores, me parece que ela tem mais conteúdo.”
Nessa jornada, o relacionamento dos dois se reinventa. Merece novos matizes. Jaime percebe que existem muitas facetas de sua mãe que ele ignora completamente. Entre elas, a existência de um novo namorado. O fato é surpreendente para o filho, assim como a mulher que ele vai desvendando. “Não é uma amizade qualquer entre mãe e filho. Ela o desconcerta. Porque diz coisas nas quais ele nunca havia pensado”, diz a intérprete.
Não são apenas as finanças de Jaime que andam combalidas. Súbito, o até então bem-sucedido pai de família vê seu casamento ruir. Depara-se com uma vida aparentemente sem propósito. Uma sensação que só se aprofunda à medida que cresce a cumplicidade com a mãe.
As questões que a montagem perpassa parecem todas muito sérias: afetos, laços que se dissolvem, uma crítica ao mundo de aparências em que a posse de bens tornou-se o valor máximo. Todos esses temas, porém, são movimentados com a leveza própria da comédia. Em diálogos que oscilam entre a mordacidade e a delicadeza.
Dias: 22/09, sábado ás 21 horas e 23/09, domingo ás 20 horas
Categoria: Teatro
Gênero: Comédia
Local: Teatro Municipal Brás Cubas
Endereço: Avenida Senador Pinheiro Machado, 48 – Marapé
Classificação: 16 anos.
Ingressos: R$ 80,00 (inteira) e R$ 40,00 (meia-entrada: Estudantes, professores da rede pública e idosos acima de 60 anos).
Agência Estado