Um verdadeiro paradoxo. Enquanto em algumas vias surgem prédios enormes, que assustam qualquer um, o trânsito é complicado, o som das buzinas dita o ritmo; em outras, é possível contemplar a beleza de antigas residências da Santos de antigamente, ouvir o som dos bem-te-vis nas árvores que tomam conta do cenário e conversar, tranquilamente, com a cadeira na calçada, com o vizinho ao lado, seja sobre a novela, ou qualquer outro tema que pode ser tão agradável como aquele precioso momento em meio à cidade em franca expansão.
Assim pode ser resumido o Embaré, o mais populoso bairro da cidade. Segundo o IBGE, 37.807 pessoas têm a oportunidade de morar em um núcleo que mistura a história e o crescimento nas suas vias, que abriga a imponente basílica do Embaré e a simples bomboniére que atende, há dezenas de anos, os alunos do colégio Cidade de Santos. O Embaré de tantos vultos, como Pedro Lessa, Senador Dantas, de Benjamin Constant e Castro Alves.
O bairro sintetiza o grande dilema, o paradoxo vivido atualmente pelo santista: ver, caminhando juntos, o desenvolvimento e a modernidade dos empreendimentos que saltam aos olhos, sem tirar o pé do passado e das tradições da vida caiçara que outrora ditavam o ritmo daqueles que escolheram o bairro para viver e não querem mais sair.
É esse Embaré que completa, neste domingo (16), 137 anos de boas histórias. A região começou a crescer no ano de 1875 e as primeiras habitações surgiram das mãos do Visconde do Embaré, que tinha diversas terras nesta região e começou a compartilhá-las. Primeiro foram construídas escolas e hospitais.
Depois, uma pequena capela, que hoje dá lugar à imponente Basílica. Com certeza, o pontapé para o crescimento da área. A praia hoje é uma das mais famosas da cidade, procurada por esportistas e banhistas.
De lá pra cá, o desenvolvimento é a marca do bairro, que mescla as áreas de serviço, comércio e a residencial com harmonia. Prédios começam a surgir, mas o que têm aparecido com muita frequência no lugar dos antigos chalés são as casas sobrepostas. Mas o que os moradores querem é que o futuro não deixe aquele ar do passado de lado.
Ponto Turístico
Igreja do Embaré
A arquitetura neogótica da Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré manifesta-se em arcos ogivais, vitrais e rosácea, embora esta possua a esfinge do padroeiro, quando o gótico exigiria representações de Cristo e Nossa Sra.
Embora a decoração não seja gótica, os relevos de leões, dragões e outros animais híbridos, próprios do gótico arcaico usado na Alemanha, são creditados à ascendência do artesão. Conta-se que o altar-mor saiu maior que a encomenda e precisou ser cortado, para caber no abside. Ladeado por dois anjos esculpidos em madeira, o magnífico órgão conta com cerca de 3.800 tubos.
A igreja originou-se de uma capela erguida em 1875, pelo Barão do Embaré. Foi entregue em 1913 aos frades franciscanos, que iniciaram a nova edificação em 1930. Inaugurada em 1945, em 1952 foi elevada à categoria de basílica pelo Papa Pio XII.
Jornal da Orla