
Muito se fala no abandono de imóveis no Centro de Santos. Casarões que põem em risco a vida das pessoas por seu estado precário podem ser vistos em uma volta mais atenta pela região. Mas esse cenário pode estar mudando. Um estudo da Secretaria de Planejamento (Seplan) mostra que houve redução de 29% no total de imóveis deteriorados na área.
O levantamento também aponta que, entre 2006 e o ano passado, o número de imóveis fechados caiu 63%. Um exemplo dessa revitalização que está dando cara nova às ruas do Centro é o imóvel que fica nos números 96 e 98 da Rua General Câmara. Comprado em 2009 para ser sede de um escritório de advocacia, o novo proprietário adquiriu o edifício já com uma notificação da Prefeitura, recebida pelo proprietário anterior, para que se refizesse o telhado, que corria risco de desabar.
Com a reforma emergencial concluída, o atual dono, Gustavo Ribeiro Xisto, começou a pensar na recuperação total do prédio e entrou com pedido de isenções fiscais, dentro do programa municipal Alegra Centro. Foi aí que começaram as dificuldades. “Demorei quase um ano para ter o projeto aprovado pelo programa. Foi muito difícil conseguir as informações corretas nos órgãos públicos. Elas eram distorcidas, cada um falava uma coisa diferente”, conta.
Depois da aprovação, uma nova jornada começou com a obra. “Em Santos, apesar da necessidade, você tem carência de mão de obra qualificada para obras de restauro, e a que tem custa muito caro”, explica Xisto, que investiu cerca de R$ 1 milhão na obra. Mas essa reforma só foi possível porque ele e a esposa, a arquiteta Paula Pinto, abriram uma empresa para qualificar os profissionais envolvidos e oferecer esse serviço para quem pensa em recuperar um imóvel.
Hoje, essa iniciativa tem três obras em processo de aprovação. “Estou em busca de proprietários para mostrar que é viável preservar o antigo aliando com o moderno. Mas muitos ainda não conseguem enfrentar a burocracia e acabam desistindo”, afirma o advogado.
Interesse
Para o secretário de Planejamento, Bechara Abdalla Pestana Neves, o interesse em recuperar imóveis ainda é grande. Desde que o Alegra Centro foi criado, em fevereiro de 2003, a equipe técnica realizou quase 3.300 atendimentos. “Damos todo o suporte gratuito para os arquitetos que estão fazendo obras. Temos plantas, fotos antigas de muitos imóveis. Tudo para facilitar o processo”, explica Neves. Segundo a Secretaria de planejamento (Seplan), atualmente, 554 imóveis passaram por obras de recuperação. Destes, 332 conseguiram as isenções fiscais do programa.
No total, até novembro deste ano, Poder Público e iniciativa privada já investiram R$ 206 milhões na revitalização da região central da Cidade.
A Tribuna
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