
Um veículo muito antigo que passa por um percurso de cerca de cinco quilômetros entre 30 e 35 minutos e, ao final deste tempo, quase sempre recebe aplausos. Assim, é o passeio nos bondes turísticos que percorrem o Centro Histórico de Santos.
A diversão começa na fila, na Praça Mauá, o ponto inicial e também final desta viagem pelas linhas do tempo. Conduzido pelo carinho e memória de pessoas como o “Vovô Sabe Tudo” Josué Jerônimo de Campos, os passageiros embarcam na linha que leva a um mundo que pertence a várias épocas, desde a fundação da Vila de Santos até a virada deste século, quando 29 anos após longa aposentadoria, os bondes voltaram às ruas na forma de atração turística.
Campos – e outros “vovôs sabem tudo” – explicam aos viajantes o funcionamento do sistema, os graus de aceleração, os freios e, principalmente, a ligação dos equipamentos – alguns com mais de um século de vida – com a história da Cidade.
E ele sabe bem mesmo: ingressou no serviço como motorneiro de bondes, em 1963. Sua vida trepidou leve nos trilhos ao som ronronante do motor elétrico por oito anos, até que o sistema – considerado ineficiente em 1971 – fosse aposentado pelos motores a diesel.
Então, Campos foi para as linhas regulares de ônibus, mas o coração ficou ainda ligado na eletricidade da linha dos bondes “camarão” (os fechados).
Nos últimos 12 anos, período em que os bondinhos foram reativados, eles já transportaram mais de 1.2 milhão de passageiros, segundo informações da Prefeitura, Somente no ano passado, 91.354 pessoas fizeram o passeio – um crescimento de 4,78% em relação ao ano anterior (87.185 passageiros).
Mas, embarcar no número 8, 14 ou algum dos outros dez veículos da frota santista de bondes, é mesmo uma viagem ao passado. Um guia turístico, como Sheila Nascimento, segue no veículo explicando os ciclos da Cidade a partir de suas construções, que passam pelas janelas centenárias do bonde. O trajeto percorre 18 vias do Centro. No total, os passageiros podem parar em quase 40 pontos de visitação.
Para o argentino Carlos Sabater, o bonde tem a cara de sua própria história: “Lembrei das viagens da adolescência até o colégio, em 1961; do chacoalhar suave, da areia jogada sobre os trilhos, do tempo dos chapéus…”. Para seu amigo, também argentino, Roberto Pereyra, o Centro Histórico de Santos se parece com Puerto Madero, um bairro histórico à beira do Rio da Prata, em Buenos Aires.
Passeios
As saídas da Linha Turística de Bondes acontecem de terça-feira a domingo, das 11 às 17 horas, a cada 30 minutos, na Praça Mauá, no Centro Histórico. A passagem custa R$ 5,00, com gratuidade para idosos (maiores de 60 anos), crianças menores de cinco anos e estudantes (mediante apresentação de documento).
A Tribuna
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