
Com experiência administrativa, o novo secretário de Cultura de Santos, Raul Christiano, atuou em vários âmbitos de governos municipais, estaduais e federais. Nascido em Apucarana, no Paraná, 54 anos, vive em Santos desde a adolescência. Formado em jornalismo pela UniSantos, é poeta, e faz parte da Academia Santista de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santos.
O novo secretário chega à Secult com várias metas: digitalização do acervo municipal, revitalização dos teatros, especialmente o Municipal Braz Cubas e o Rosinha Mastrângelo (no Centro de Cultura Patrícia Galvão), e melhoria das bibliotecas. A entrevista foi publicada na edição deste domingo do jornal A Tribuna.
Como será a Secretaria de Cultura na sua gestão?
A Secult não será uma central de eventos. Essa visão já passou, os eventos serão uma consequência do trabalho de formação de plateias, de distribuição de cultura por toda a Cidade, de estímulo. Pretendo atuar em parceria com as secretarias de Educação, Esportes e Assistência Social e em muitos casos com a de Saúde, promovendo ações que beneficiem a comunidade e levem as pessoas de todas as regiões a consumir cultura. Não vou ficar contemplando a tradição de Santos que já ofereceu talentos para o mundo. Eu quero saber porque os artistas precisam sair de Santos para fazer sucesso. Quero lutar para mantê-los, assim como o Santos Futebol Clube mantém o Neymar. Precisamos dar condições para que nossos artistas sejam reconhecidos aqui e com repercussão lá fora.
As bibliotecas vão merecer atenção em sua gestão?
Um dos focos é a melhoria dos equipamentos, bem como a disponibilidade desse serviço para comunidade. A biblioteca da Humanitária precisa ser ajudada, a entidade não é só cultural tem uma folha de serviços históricos prestados a Santos. A finalidade de quando foi construída em 1879 não existe mais. Ela era uma entidade assistencial, fazia um trabalho que é exercido hoje por planos de saúde, seguradoras e sindicatos e perdeu funções ao longo dos anos. Hoje tem um número de sócios pequenos. Ainda estou conhecendo a estrutura geral da secretaria, mas a questão das bibliotecas, o funcionamento delas, seus acervos são uma preocupação minha. Vou buscar parcerias para cuidar melhor delas e digitalizar esses acervos.
E no aspecto da democratização da cultura?
Nosso esforço vai ser o de levar cultura a todos os lugares, formando parcerias com o terceiro setor e sociedades melhoramentos de bairros. Onde houver equipamentos da prefeitura, vamos empreender uma ação cultural, não só como objeto de consumo, mas também de participação, de interatividade e especialmente de inclusão. Vamos promover ações para que as pessoas comecem a se alimentar de cultura e isso leve ao gosto pela leitura, teatro, cinema, dança e todas as manifestações artísticas.
Como vê a cara da cultura em Santos?
Vejo uma cidade na qual há uma produção enorme. A ideia é fazer uma convergência de todos esses valores. Tenho informação de atividades em todos os pontos da Cidade e na área continental, quero ser o ponto de convergência. Talvez eu funcione mais como o maestro de uma orquestra cultural, estimulando, provocando os acordes, manifestações e buscando condições para que elas aconteçam e cheguem ao público.
Quais outras intervenções serão feitas?
Tive informação, ainda preliminar, de que existe um projeto de 1998 de revitalização e reforma do Centro de Cultura Patrícia Galvão. Já pedi para levarem ao meu gabinete, assim como outros trabalhos que possam existir. Vou atualizar e encaminhar ao Ministério da Cultura, junto com um pacote que inclui a digitalização dos acervos e a melhoria das bibliotecas públicas. Já conversei com Galeno Amorim, da Fundação Biblioteca Nacional sobre isso. Quero transformar Santos na capital da leitura. Isso não quer dizer que vou olhar apenas para o lado onde tive uma atuação maior, até porque não sou ligado a nenhuma tribo da arte ou da política cultural. Estou na secretaria como gestor e muito ansioso para dar respostas, até por sentir que as expectativas em relação a minha designação para esse papel são grandes.
A Tribuna