Encontrada galeria de 120 anos no subsolo da Ana Costa

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A descoberta de uma galeria submersa na avenida Ana Costa, no trecho entre o Shopping Parque Balneário e a orla pode desvendar um mistério de aproximadamente 120 anos e mudar um capítulo da história da cidade. O achado deu-se por acaso, há 15 dias, durante uma obra da Siedi (Secretaria de Infraestrutura e Edificação).

“Durante uma escavação para trabalharmos nos dutos de infraestrutura e energia da região, foram encontrados resquícios da antiga galeria”, disse o engenheiro Glaucus Farinello, chefe do departamento de obras públicas da Siedi.

Com 18 metros de largura – ainda não se sabe o comprimento – e assoreado (coberto de areia) em boa parte de sua base, por conta da construção dos canais no início do século 20, a estrutura é composta por diversos arcos de tijolo, separados por alguns pilares feitos do mesmo material e perfil metálico, além de trilhos de bonde na parte superior dos arcos, que ajudam na sustentação do local, por conta das vigas metálicas.

Mudança

A descoberta pode reescrever a história do encontro dos dois rios, que até então presumia-se acontecer na altura do canal 3. “Essa galeria foi construída entre os anos de 1890 e 1896 e teria função de canalizar um rio que vinha dos morros e outro oriundo do porto. A descoberta contesta a versão, que muitos historiadores sustentam, de que a desembocadura dos dois rios seria na direção do canal 3.

Minha opinião é que isso acontecia na Ana Costa, contrariando os mapas. A galeria está localizada na direção da praça da Independência, caracterizando a passagem do rio. Não haveria sentido em fazer uma galeria ali se isso não acontecesse”, avalia o arqueólogo Manoel Gonzalez, diretor do Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas, que, acionado pela prefeitura, iniciou um trabalho de pesquisa e estudo na galeria.

Entrevista

Diretor do Centro Regional de Pesquisas Arqueológicas, o arqueólogo Manoel Gonzalez é o responsável pelo trabalho de pesquisa e estudo da galeria encontrada no subsolo da avenida Ana Costa, no Gonzaga, entre a orla e a praça da Independência. Confira os principais trechos da entrevista concedida ao Diário Oficial de Santos.

Como surgiu esta descoberta?
Durante as obras de reurbanização do trecho foi encontrada uma galeria subterrânea, a qual teria canalizado o encontro de dois rios, um que vinha dos morros e outro do porto, os quais, na minha opinião, desembocavam na Ana Costa.

De que época são essas estruturas?
Por volta de 1890 e 1896 teria ocorrido essa canalização para a passagem dos bondes, que não conseguiriam passar por ali, para promover a valorização e crescimento desta região. Em 1895 também foi realizado saneamento no local, que era todo areia.

O que representa o achado arqueológico?
Agora vamos registrar a área no Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) como sítio arqueológico. Com isso estamos fazendo o resgate desta história, que não foi perdida porque não foi nem mesmo registrada na época. Esta foi uma obra muito importante e de grande valor sanitário, arquitetônico e de engenharia. O achado também pode mudar o conhecimento sobre onde era o encontro dos dois rios, que para alguns historiadores ficava na área do canal 3.

Livros retratam a natureza pelas lentes do fotógrafo Haroldo Palo Jr

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Com uma exposição que reúne imagens que retratam a natureza, o fotógrafo naturalista Haroldo Palo Jr fará o lançamento de duas coleções de livros que mostram as mais belas fotos tiradas ao longo dos seus 35 anos de carreira.

O fotógrafo trocou a profissão de engenheiro eletrônico para se dedicar à fotografia de natureza. Nos últimos 35 anos teve a oportunidade de visitar todos os estados brasileiros e diversos países das Américas, além do Ártico, Antártida e Oceania. “Cada viagem sempre foi planejada e estudada com antecedência para permitir um aproveitamento máximo do trabalho de campo. Muitas duravam de 3 a 5 meses e permitiram que nós pudéssemos nos sentir parte do lugar e aprender sobre o ciclo da vida local”.

Uma das expedições que deram origem a muitas de suas fotos foi a que fez como chefe de uma das equipes de Jacques Cousteau pela Amazônia. “Na época eu estava começando minha carreira como fotógrafo-naturalista e conhecer e trabalhar para o Comandante Cousteau foi de grande aprendizado. Ele inspirou milhões de jovens a prestar atenção nos problemas ambientais e destacou o papel dos oceanos para o equilíbrio do planeta”.

Em sua carreira, Haroldo realizou 14 expedições para a Antártida, podendo acampar durante 5 anos seguidos na Ilha do Elefante, onde acompanhou o ciclo de vida de mamíferos e aves que habitam as praias no verão. Destas experiências, o fotógrafo publicou o livro Antártida – Expedições Brasileiras, em 1989, e produziu um vídeo para o Programa Antártico Brasileiro.

Na terça-feira (9), Haroldo Palo Jr estará no restaurante Puerto de Palos para apresentar duas coleções de livros de sua autoria. “Uma delas sobre a fotografia de natureza que pratico com mais de 600 fotos escolhidas do acervo de 300 mil. A segunda coleção foi produzida para o público infanto-juvenil e apresenta de forma básica os principais grupos de animais, como mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos”, explica.

Lançamento Haroldo Palo Jr – uma coleção de fotografias
Local: Restaurante Puerto de Palos, Rua Luís de Farias, nº 64, em Santos
Data: 9 de abril, às 20h

 

Jornal da Orla