Até poucas décadas, ir à cidade significava ir ao centro da cidade, para trabalhar, resolver negócios ou simplesmente fazer compras. Naqueles tempos, eram poucas as agências bancárias em outros bairros da cidade, o comércio era limitado ao Centro e ao Gonzaga, com suas lojas mais sofisticadas, e ir até a cidade para andar na escada rolante das Lojas Americanas (única, até então), conferir as novidades na loja de departamentos Sears, comer um pastel com caldo de cana ou um sorvete de casquinha era um passeio e tanto – principalmente para quem era criança.
Os tempos são outros, os costumes mudaram, a cidade cresceu e enriqueceu e o perfil de seus moradores inovou, mas algumas coisas permanecem. Se o Gonzaga é comparado ao coração de Santos, o centro foi e continua seu cérebro. Uma região que nasceu com a formação da Vila de Santos, no início da colonização do Brasil, e que completará aniversário nesta quinta-feira, dia 16 de agosto.
É na região central que ficam a Prefeitura e a Câmara Municipal, o Fórum, a Alfândega, a Receita Federal e a Receita Estadual, os comandos das polícias Civil e Federal, a Bolsa do Café, importantes repartições públicas municipais, estaduais e federais, agências marítimas, importadoras, corretoras, as sedes dos grandes bancos e muitas outras empresas, prestadores de serviço, profissionais liberais, lojas, restaurantes, lanchonetes …
Com a revitalização do Centro Histórico, a cidade tornou-se um polo gastronômico e de lazer. À noite, quando as empresas encerram o expediente e as lojas fecham, as ruas do Centro Histórico são tomadas por grupos barulhentos de jovens, e outros nem tanto, à procura de diversão nas várias casas noturnas que abriram nos últimos anos – caras, mas sempre cheias. A linha turística do bonde também ajudou a movimentar a região, atraindo para o centro da cidade muitos visitantes que antes não ultrapassavam os limites da orla.
Já o outro extremo do Centro se mantém decadente e perigoso, principalmente à noite. É a região da famosa Boca de Santos, área de prostituição que já teve sua fase dourada, quando navios com marinheiros abastados de dólares ficavam atracados por dias no cais. Hoje os navios mal encostam e já partem, o dinheiro sumiu, mas algumas boates ainda resistem e as mulheres continuam fazendo ponto noite e dia na porta de prostíbulos caindo aos pedaços.
São as faces antagônicas do cenário do Centro de Santos, que, para quem tem olhos para ver, não deixa de ter seu charme e um certo mistério.
A RUA DO CAFÉ
Sede de bancos internacionais e palco dos grandes negócios do café, a Rua XV de Novembro é considerada um símbolo não só da região, mas do processo de revitalização. Durante o dia, o local se caracteriza pelo movimento de classificadores, exportadores e corretores de café, o ouro verde que movimentava a economia nacional nas primeiras décadas do século passado.
O bulevar da Rua XV, localizado entre as ruas Frei Gaspar e Comércio, passou por um remodelação, que inclui a troca do piso, instalação de tubulação (que receberá fibra ótica para duas câmeras de monitoramento), oito bancos de madeira envernizada e dez lixeiras. As oito luminárias estilizadas foram pintadas e estão com novas cúpulas.
Bem em frente à Bolsa Oficial do Café, foi instalada uma escultura representando, em tamanho natural, um corretor de café. Lamentavelmente, a obra do artista Daniel Gonzalez, que havia sido inaugurada no dia 23, foi retirada após ter sido depredada por vãndalos.
Foto: Anderson Bianchi