De acordo com dados do Ministério do Turismo, o Brasil tem mais de 28 mil meios de hospedagem, entre hotéis, pousadas e albergues. No entanto, a rede tende a aumentar ainda mais, principalmente com a realização da Copa do Mundo Fifa de 2014, e os Jogos Olímpicos de 2016. Em três anos, o Brasil deve receber R$ 7,3 bilhões em investimentos no setor hoteleiro. A estimativa é de um estudo realizado pela consultoria BSH Internacional.
Em Santos, este panorama não é diferente. A rede hoteleira até este ano tinha aproximadamente mil leitos, o que deve mudar até 2014, com o lançamento de mais oito empreendimentos, ampliando para 5 mil leitos. A quantidade de vagas já não suportava há muitos anos o número de turistas na Cidade, principalmente, o de negócios, que aumenta devido aos novos investimenos relacionados à Petrobras. Outro ponto que preocupava é a possibilidade da Cidade ser subsede na Copa do Mundo.
Para Diego Brigido, que trabalha no setor hoteleiro há 10 anos e hoje atua como professor do curso de Turismo do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte), o setor está passando por uma importante evolução, “tanto em relação a melhoria dos hotéis mais antigos, como também com o surgimento de novos investidores”.
Diego lembra, por exemplo, que a cidade já possui um centro de convenções há 10 anos, com capacidade para mais de quatro mil pessoas. “Nos últimos anos já perdemos a possibilidade de trazer eventos para a Cidade, por conta da rede hoteleira não ser suficiente”, ressalta.
Atualmente, segundo o presidente do Santos e Região Convention & Visitors Bureau, Luiz Guimarães, a taxa de ocupação de Santos anualmente é de 70%. “Porcentagem excelente em relação ao Brasil”, revela. A cidade, segundo ele, viveu nas últimas décadas uma estagnação no setor. “Com o centro de convenções e o aumento do turismo coorporativo, a tendência é aumentar o número de equipamentos”.
Qualidade x preços
Porém, a qualidade e os preços devem ser questionados. “Com preço médio de R$290 a diária, somos uma das cidades mais caras. E o valor não reflete na qualidade”, ressalta o professor Diego. Com os novos investidores, ele acredita que a rede terá que se adaptar e se reformular tanto no padrão, qualidade de atendimento e nos preços. O valor, segundo o especialista, acaba assustando os turistas de lazer.
Para se ter ideia, os dois novos empreendimentos Mercurie e Ibis apresentam diárias por R$272 e R$209, respectivamente. Na mesma linha, porém em outras cidades o preço cai para R$200 e R$139. “Muitos fatores influenciam no valor, como localização, proximidade com a praia. A diferença em muitos casos é natural”, acredita o presidente do Sindicato de Hoteis Restaurantes Bares e Similares de Santos e região, José Lopez Rodriguez.
Para Luiz Guimarães a competitividade natural que surgirá, com a chegada dosnovos investimentos, fará com que todos busquem maior qualidade e diferenciais. “Os preços, por consequência, devem ser alterados e tendem a reduzir”, acredita.
Para as pousadas, a média cai para R$100. Em dois estabelecimentos no Gonzaga, por exemplo, a diária por casal em datas normais é de R$120, sem café da manhã, com quartos pequenos e pouca estrutura. “Apenas uma pousada em Santos tem padrão para atender o público mais exigente. Algo que precisa mudar”, ressalta Diego. Além dos preços, um dos principais problemas, de acordo com o especialista, é que a profissionalização do setor hoteleiro demorou para acontecer.
Em audiência pública para discutir a Copa – realizado no começo de setembro – o prefeito João Paulo Tavares Papa disse que a questão dos preços elevados acontece por conta da oferta ficar bem aquém da demanda. “Com esta duplicação do número de leitos, acredito que vamos conseguir estabilizar os preços”, ressaltou.
Crise?
Com tantos empreendimentos previstos, poderá haver uma crise no setor? “Todos falam da Copa, se Santos será a subsede, mas quantos dias isto durará? 10, 15. E depois? Será que teremos demanda para tanta oferta?”, indaga o professor Diego Brigido. O setor, segundo ele, estava deficiente, mas com a melhora dos principais hoteis da Cidade, além de três novos já em funcionamento, a rede hoteleira melhorou bastante. “Como estava em falta, todos resolveram investir, mas é preciso cautela”.
Qualificação
De acordo com ele, também existe uma carência de profissionais qualificados, que tenham outros idiomas, por exemplo.” Algo indispensável hoje em dia”, diz. “Quem já está na área precisa cada vez mais procurar se qualificar. Quem está estudando está com uma visão diferenciada.Muitos já procuram sair da faculdade ou do curso técnico com outros idiomas”, acrescenta.
Neste sentido, o sindicato do setor intensificou a promoção de cursos para garçons, cozinheiros, arumadeiras e demais setores. “O intuito é melhorar a qualidade em todas as áreas”, resume José Rodriguez.
Brasil ganha nova classificação hoteleira
Neste ano, o Ministério do Turismo lançou o Sistema Brasileiro de Classificação dos Meios de Hospedagem, visando estabelecer critérios para a utilização das “estrelas”. Em todo o País, 50 empreendimentos já estão em processo de obtenção da classificação. Na região, segundo a assessoria de imprensa, nenhum hotel deu entrada para receber a avaliação.
O sistema vai padronizar e controlar a qualidade dos meios de hospedagem, garantindo maior segurança ao consumidor e criando um referencial de mercado para o empresariado.
“Iniciativas bem-sucedidas, a exemplo da nova matriz de classificação hoteleira, contaram com a participação democrática dos vários segmentos e diferentes nichos da hotelaria, de norte a sul do País, devidamente representada e atuante no âmbito da sociedade civil organizada. (…) Agora, após serem definidos critérios e processos de certificação, sob a chancela coletiva, o que resta à classificação hoteleira é ela ser colocada em prática. Para tanto, cabe ao setor público/MTUR o exercício de seu papel institucional, atuando como agente indutor desse processo” ressaltou o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Enrico Torquado durante a abertura do 53° Congresso Nacional de Hoteis, realizado nesta útima semana.
Com o novo sistema, o uso das estrelas como símbolo de classificação hoteleira passou a ser de uso exclusivo do Ministério do Turismo. Os meios de hospedagem foram divididos em sete categorias, que podem receber de uma a cinco estrelas.
Serviço
A adesão para receber a classificação é voluntária. Para fazer parte do SBClass, os meios de hospedagem devem estar no Cadastro dos Prestadores de Serviços Turísticos (Cadastur) do Ministério do Turismo (MTur).
Boqnews
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