Jornalista desde os 15 anos de idade, Helle Alves, hoje com 85 anos, lança sábado (10), em Santos, o livro “Eu vi”, que conta fatos históricos marcantes presenciados por uma competente repórter que teve a sorte de estar no local e hora certos em diversos momentos de sua longa carreira.
Helle foi a primeira jornalista do mundo a ver o corpo de Che Guevara, o revolucionário mais importante do século 20, na Bolívia, onde, por acaso, fazia uma reportagem para os Diários Associados.
Guevara foi preso na selva de La Higuera, no dia 8 de outubro de 1967 e executado no dia seguinte por militares da Bolívia. Helle, com ousadia e coragem, conseguiu passar pelo bloqueio dos militares e deu um dos maiores “furos” (reportagem em primeira mão) da história da imprensa mundial.
No colo
Helle Alves, que trabalhou grande parte da sua vida em São Paulo e que há alguns anos vive em Santos, se considera “uma mulher afortunada”. Segundo ela, “acontecimentos muito importantes caíram no meu colo. Daí, fui testemunha da história do século 20. No Brasil e na Europa combalida pela Segunda Grande Guerra. Tive sorte e garra. Eu vi muito”, diz ela.
Sem dúvida, os detalhes da execução de Ernesto Che Guevara, o revolucionário argentino que participou da revolução cubana e que tentou mudar o mundo, foram os mais marcantes em sua vida profissional, mas Helle Alves destaca outros acontecimentos presenciados por ela e que constam do livro: a revelação de Chico Xavier no Programa Pinga Fogo; os grandes festivais de musica nacional; o início da carreira de Chico Buarque, Caetano Veloso, Roberto Carlos; a construção de Brasília; a revolução dos costumes; o crescimento vertiginoso de São Paulo; e alguns segredos da política e da ditadura militar”.
Tio Google
Com 70 anos de experiência profissional, Helle Alves acredita que os fatos por ela presenciados, relatados em reportagens inesquecíveis e que agora constam do livro, podem servir de informação e de incentivo aos novos jornalistas. “A turma hoje está muito acostumada e acomodada com o tio Google”, brinca ela, relembrando os tempos em que escrevia com a velha máquina Remington, e no qual sequer se sonhava com a internet.
O destino
O editor do livro “Eu vi”, João Bosco Alves de Sousa, fala sobre a obra: “Helle descreve apenas o que viu, mas com um artigo raro, que apenas grandes repórteres possuem: sensibilidade. Do mirante privilegiado que o destino a colocou em diversos momentos, ela nos mostra exatamente o que não se encontra nos livros oficiais da história, nem nos ‘manuais’ de jornalismo. Este saboroso “Eu Vi”, confirma que é na vida das pessoas comuns que se esconde a verdadeira história de um povo e de um lugar”.
Serviço – O lançamento do livro “Eu Vi” acontece sábado, dia 10, a partir das 18 horas, na Associação Cristã de Moços (Avenida Francisco Glicério, 511, Santos).
Jornal da Orla