Inaugurada em 1947, a Rodovia Anchieta é uma das estradas mais importantes do Estado de São Paulo e do país. Os 55,9 quilômetros de extensão da “sessentona” abriram caminho para a expansão de Santos e das demais cidades da baixada. A ligação direta dos paulistanos com o litoral impulsionou o crescimento demográfico e, com ele, a multiplicação de imóveis – tanto horizontal quanto vertical. Para grande parte da população da capital paulista acima dos 40 anos de idade, a Anchieta representa muito mais do que uma rodovia, é pura nostalgia. Não por acaso, as “curvas de Santos” cantadas por Roberto Carlos continuam a fazer sucesso.
Já em uma visão mais macro, olhando pelo lado da relevância econômico-financeira, a Anchieta é uma conexão do Brasil com o resto do mundo. Corredor de escoamento de cargas para o Porto de Santos tornou-se o principal caminho das exportações brasileiras, condição mantida mesmo após a construção da Rodovia Imigrantes. Pelo contrário, a ampliação da malha rodoviária entre a São Paulo e a baixada santista só aumentou a importância da Anchieta, que passou por um processo de modernização.
A ousadia arquitetônica sempre colocou a Anchieta em evidência, a exemplo da inovação – e um grande desafio – de construir túneis atravessando a Serra do Mar. Mas para quem viaja como passageiro, sem a mesma concentração de quem dirige, a rodovia ganha ares de galeria de arte a céu aberto. A Anchieta passa por um trecho do Parque Estadual da Serra do Mar, que é formado por 315 mil hectares e se estende da divisa entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro até a cidade de Itariri, no litoral sul paulista.
O valor ecológico desse parque é imensurável, já que se trata da maior porção contínua preservada da Mata Atlântica. A Ecovias, empresa que administra as rodovias Anchieta e Imigrantes, mantém ações permanentes para contribuir com a proteção desse tesouro ambiental, como promoção de campanhas de conscientização, mensagens de demarcação das áreas preservadas, distribuição de sacos de lixo para veículos, manutenção da estrada de serviço e dos acessos ao parque, entre outras.
Também era possível conhecer a riqueza botânica da região olhando bem de pertinho. O projeto Ecoturismo Caminhos do Mar foi suspenso, mas voltará a receber turistas para passeios a pé ao longo da Estrada Velha de Santos. Mas é preciso preparo físico e disposição. A caminhada completa tem 16 quilômetros, sendo oito de descida e oito de subida, e a duração é de aproximadamente seis horas.
A caminhada na Estrada Velha de Santos é também um passeio histórico. Diversos pontos no trajeto remetem o visitante a acontecimentos marcantes, como a Calçada Lorena, estrada de pedras construída em 1792; o Cruzeiro Quinhentista, edificação projetada pelo arquiteto Victor Dubugras; o Padrão do Lorena, um paredão de pedra com escadarias, um painel de azulejos e um arco de abrigo; e o Monumento do Pico. A Fundação Florestal vai reassumir a gestão do passeio, antes sob a administração da Empresa Metropolitana de Águas e Energia S.A. (EMAE). Isso pode acontecer até o final do ano, mas a Fundação também não pode garantir. De qualquer forma, os interessados pela caminhada podem encaminhar e-mail para ecoturismo@fflorestal.sp.gov.br, que enviará mensagem sobre a inauguração do serviço.