
Um bairro que dispensa apresentação, o Boqueirão está completando mais um aniversário. Sem dúvida, um dos bairros mais agradáveis e bem assistidos em termos de serviços para se viver em Santos. A característica residencial harmoniza com seu lado comercial. O bairro tem de tudo um pouco: supermercados, bancos, escolas, hospitais, faculdades, lojas diversas, prestadores de serviços, consultórios, restaurantes, bares …
É lá que fica o primeiro grande centro de compras da cidade: o Supercentro Boqueirão, que ainda hoje mantém um público fiel e atrai consumidores de todas as idades. Só falta um cinema, mas já existiu até alguns anos. Era o Cine-Teatro Caiçara, com quase 1.800 lugares, na av. Conselheiro Nébias a menos de meia quadra da praia. Além de filmes, servia de palco para shows de artistas consagrados.
O Boqueirão é também um dos bairros que mais vêm sentindo o impacto da mudança visual provocada pelo boom imobiliário na cidade. Torres de apartamentos que parecem sumir nas alturas vêm surgindo em lugares antes ocupados por confortáveis sobrados, levando o paredão de concreto (que estava restrito à beira-mar) bairro adentro. Ainda assim vários imóveis ainda resistem à especulação (até quando não se sabe), mantendo o aspecto tranquilo nas ruas arborizadas.
A transformação, porém, não é novidade no bairro. No passado, no lugar das casas havia chácaras, a maior delas era o Parque Indígena, de Júlio Conceição, localizada na esquina da praia, de onde originou o acervo de orquídeas do Orquidário Municipal. Quando se configurou um novo conceito de bem morar e as famílias ricas começaram a transferir residência para a orla da praia, o Boqueirão atraiu muitas delas justamente por causa do Recreio Miramar, centro de lazer muito frequentado pela elite e pelos turistas.
O Boqueirão foi pioneiro em Santos no uso do mar para banho e turismo. Antes de a população descobrir o prazer de um banho de mar, o mato era tanto que até cobria parte da areia branca e cheia de conchas cor-de-rosa. Não havia ruas abertas e quando chovia muitas áreas se transformavam num verdadeiro charco.
A primeira abertura para a praia
Em meados do século 19 havia uma única saída grande para a Barra, chamada de boqueirão ou abertura. Essa saída era o trecho final do Caminho Velho ou Caminho Velho da Barra, que começava na atual Rua Braz Cubas, proximidade da Vila Matias, seguia o traçado da Rua Luís de Camões, atravessando a rua Otaviana (hoje Avenida Conselheiro Nébias) para formar a conhecida Encruzilhada, na esquina da avenida Rodrigues Alves. Seguia então por dentro, percorrendo, mais ou menos, o atual traçado da rua Oswaldo Cruz até a praia. O bairro conta hoje com uma grande população de idosos, provavelmente pelas comodidades que oferece, com a praia ao lado e tudo à mão. Sua área é limitada pelos canais 4 e 3 e se estende da praia até as avenidas Francisco Glicério e Afonso Pena.
Jornal da Orla
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